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CAPA ESPECIAL

Anna

Boechat

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Arquivo pessoal

Você "explodiu" na internet através do seu trabalho há pouco tempo. Como foi e tem sido para você ter tanto reconhecimento? Quer mais? Nos conte um pouco sobre a sua história.   

A I DO DESIGN ainda é bem nova, sou designer gráfica de formação e trabalhei muitos anos em agencias de publicidade e escritórios de design na área de criação. Comecei os experimentos com o plástico no final de 2019, mas é desde o final de 2021 que me dedico exclusivamente a marca. Ter viralizado no Instagram foi mais desafiador do que eu imaginava. A expectativa ficou muito alta, a autocobrança também e ter que lidar com o fluxo de pessoas demanda uma energia enorme. Mas eu tenho certeza que ter tido essa oportunidade, traz novas possibilidades e me leva a lugares e projetos que seria muito mais difícil chegar. Nem tudo na internet é bonito ou fácil de lidar, mas tem muito mais gente disposta a incentivar e apoiar do que o contrário. Acho que eu só tive uma degustação do que pode vir a acontecer, então o céu é o limite, que venha muito mais!

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Arquivo pessoal

Qual a sua origem?    

Nasci em Cambará, interior do Paraná. Mas vivo em Curitiba desde meus 6 meses de idade. Sou a caçula de 3 filhos, pais maravilhosos, professores, e que sempre trouxeram a arte pra dentro de casa. Embora não vivessem disso, sempre pintaram e desenharam incrivelmente bem.

Em casa, entre amigos, quem é a Anna?   

Sou muito apegada a família e valorizo demais os amigos próximos. Sou a mais nova e única menina de três filhos. Sempre gostei das minhas bonecas mas também tinha meus próprios carrinhos e meu caminhãozinho de madeira e ODIAVA ser considerada café-com-leite quando enchia o saco dos meus irmãos pra brincar junto. Deve ser por isso que hoje eu adoro jogos de competição e sou uma péssima vencedora (do tipo que fica provocando os adversários). Sei que jogar UNO e Imagem e Ação comigo nem sempre é fácil. 
Adoro a relação que eu tenho com a minha mãe (nos falamos todos os dias), sou bem bobalhona (provavelmente puxei isso do meu pai, que deixou muita saudade), extremamente curiosa, amo bichinhos (bem Felícia), gasto horas vendo series e filmes (fiz pós em cinema por causa disso haha), sou bagunceira, detesto camarão e reconheço que as vezes sou meio pentelha. Já gostei muuuito de sair pra dançar, mas hoje eu valorizo demais minhas horas de sono, embora goste de dormir tarde. Tenho um marido incrível que me apoia e que, se não fosse por ele, provavelmente estaria ensaiando ainda ter ou não minha marca própria. 

Quando nasceu a marca “I do design” e como surgiu a ideia?   

Nasceu num período que eu estava insatisfeita com o trabalho em frente ao computador. Sempre gostei de colocar a mão na massa, de pesquisar novas formas de produzir e experimentar. Me casei em 2017 e meu marido (Guilherme) e eu fizemos tudo o que pudemos do convite a decoração, então isso aflorou em mim essa vontade de continuar produzindo com as próprias mãos. Sempre imaginei que se tivesse uma marca, gostaria que o propósito dela já nascesse junto. E foi conversando com amigas que trabalham na área da moda que surgiu a ideia de criar acessórios reutilizando algum material. Quando olhei em volta percebi que o plástico seria um material em abundância e cheio de cores e possibilidades. Foi quando resolvi pesquisar a respeito da reciclagem e cheguei no projeto holandês Precious Plastic. Foi de lá que tirei grande parte das informações sobre como lidar com o material, mas sigo em constante experimentação, cruzando informações e descobrindo em outras processos de produção linguagens novas para aplicar na marca e assim, criar produtos únicos.

O que te inspira ao criar suas criações? 

Tudo. Acredito que meus anos de experiencia na área de criação me ajudaram muito a abrir os olhos para perceber que as referências estão em todos os lugares. Mas eu aproveito muito as experimentações e o processo de produção em si, para descobrir onde isso pode me levar. Aproveito as “falhas” para descobrir novos caminhos e possibilidades.

Por que criar jóias de plástico? 

Porque eu acredito que joias são peças que traduzem muito de quem somos e o que queremos comunicar, são produtos que tem uma percepção de valor alto. A ideia aqui é mostrar que o que é descartado tem valor e quando aliado ao design, pode resultar em peças surpreendentemente bonitas e bem acabadas. Então é a minha maneira de colocar algo que não tinha valor em uma posição de destaque.

Como você consegue os seus materiais para produção das joias e qual é o processo de produção? 

Por enquanto são materiais que eu mesma coleto ou então recebidos de doações de famílias, amigos, clientes e pessoas que querem dar um destino melhor as tampinhas e sacolas. Espero no futuro crescer o bastante para precisar comprar esse material de quem trabalha com a coleta do lixo reciclável e assim agregar mais valor social a marca. 
Esse material coletado não foi contaminado porque ainda não foi parar no lixo, então o processo de higienização não é tão complexo (mas ainda assim necessário). Depois dessa primeira etapa, passa pela separação de cor e tipo de plástico (usamos o PEAD e o PP). Ainda não possuo a trituradora, então por enquanto são armazenados desta forma. Na hora de produzir são submetidos a calor e pressão e passam por diversas etapas de acabamento que é o que confere essa característica de joia às peças. Tudo é feito ainda de forma muito artesanal e única, garantindo exclusividade a cada peça. 

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Arquivo pessoal

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Arquivo pessoal

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Arquivo pessoal

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Houve algum momento que pensou em desistir da sua carreira? Se sim, porquê?

Desistir não. Porque esse é meu plano B. E no momento é tudo o que eu tenho e preciso fazer dar certo. Pela primeira vez eu sinto que de fato meu trabalho faz diferença no mundo. Mas os desafios de empreender são muito maiores do que eu podia imaginar! Então eventualmente rolam dias de desânimo e uns choros no banho hahaha mas tenho certeza que fazem parte.

O que você espera da sua vida nos próximos anos?

Estabilidade financeira e ser referência na área de sustentabilidade e upcycling. Quero que as pessoas pensem em mim quando o assunto surgir e que as empresas me procurem para ajudar a solucionar esse tipo de problema. 

Qual a sua maior paixão?

Transformar. 

O que é fundamental na sua vida?

Respeito, em suas diversas formas de existir.

O que mais te dá medo?

A forma abrupta que a vida tem de nos colocar em novas perspectivas.

E o que te irrita?

Gente sem noção.

Defina o seu:

Amor?

Paciente
.

 

Qualidade?

Perseverança.

Defeito?

Desligada. Consigo mergulhar em um mundo e me desligar completamente do resto as vezes isso me torna muito esquecida e relapsa.

Sonho de consumo?

Comprar mais horas pro meu dia. Se conhecer alguém vendendo, me avisa. Enquanto isso, mais maquinários que facilitem meu trabalho, já seriam de grande valia hehe

Uma frase ou pensamento que lhe define.

Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.