
CAPA ESPECIAL
Babi Beluco

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Você tem uma trajetória marcante nas passarelas e no esporte. Como foi conciliar o universo da moda com a vida de atleta amadora ao longo dos anos?
No começo, eu apenas corria, sem pretensão ou ideia de me tornar atleta, mesmo que amadora. Conquistar bons tempos exige dedicação máxima. Então, já era meu lifestyle, mas eu não tinha nem a metade da dedicação de hoje — assim como, hoje, não tenho nem a metade do comprometimento com a moda que tinha no passado. Eu diria que não dá para querer ter excelência em tudo ao mesmo tempo; a excelência é entender onde você vai colocar a maior energia no momento, e acho que encontrei essa fórmula muito bem. Soube o momento exato de desplugar um pouco da moda quando o esporte me chamou.
Respondendo à pergunta, eu conciliava facilmente, já que corria uma vez ao dia, pela manhã, e tinha o resto do dia livre. Hoje em dia, são 2h30 de treino por dia, mais fisioterapia e descanso, que também fazem parte do treino. Fora a alimentação, que na época de modelo era super restrita e hoje não. Faz toda a diferença.
A campanha da Elle Macpherson, que te projetou como “the body” brasileiro, foi um divisor de águas na sua carreira. O que esse momento representou para você pessoal e profissionalmente?
Foi um grande marco na minha carreira, pois, tendo um corpo mais atlético, muitas vezes eu era deixada de lado em alguns desfiles. Quando consegui essa campanha, me reposicionei de um jeito especial e revivi meu lado fashion por alguns bons anos. Infelizmente, a moda do Brasil, em vez de aceitar e impulsionar as nossas belezas, é diretamente influenciada pelo exterior. Com essa campanha vinda de fora, minha carreira teve um novo e bom recomeço.

Seu vínculo com o esporte começou ainda na infância, inspirada pelo seu pai. Como essa paixão pela corrida evoluiu ao longo do tempo e influenciou sua visão sobre o corpo e o bem-estar?
Aprendi desde cedo que “corpo são” traz “mente sã” e, muito antes de me entregar à corrida para manter o peso, entendi o quanto ela me equilibrava e era minha terapia nos momentos de pressão, tristeza ou solidão, morando sozinha pelo mundo enquanto trabalhava como modelo. Uma vez que você prova o que é bom, fica difícil voltar atrás. Eu não imagino a minha vida sem o pilar esporte/corrida.
Na sua opinião, o que significa “performance feminina” hoje? E como você busca traduzir essa ideia nos seus conteúdos e parcerias de moda e esporte?
Performance é uma palavra forte e, na verdade, utilizada de um jeito até equivocado hoje em dia. A performance não é você estar bem, mas sim estar no máximo da sua capacidade com o menor esforço possível — e que essa capacidade seja acima da média. Essa é a tradução real da performance no esporte, e muitas vezes pode nem ser tão saudável.
Porém, trazendo para a vida normal e real, para nós, mulheres, eu diria que é viver a vida no melhor que podemos, sem a pressão de mostrar algo para alguém. Ser uma mulher que performa na vida, para mim, é aquela que consegue manter hábitos saudáveis, cuidar da família e ter uma mente tranquila. Sabemos que equilibrar todos esses pratos hoje em dia, sem se comparar com o “irreal e perfeito demais” das redes sociais, é quase um comportamento atlético. (risos)

