CAPA ESPECIAL
Bárbara França
Fotos Priscila Nicheli; Styling Samantha Szczerb; Beleza Zuh Ribeiro
Ao longo de seus 12 anos de carreira na televisão, você já interpretou desde vilãs marcantes até protagonistas intensas. Qual desses papéis mais te desafiou como atriz e por quê?nal?
Ao longo dos meus 12 anos de carreira, tive o prazer de dar vida à grandes personagens. Todos com a sua devida complexidade e camadas, desde as mocinhas até as vilãs. Tenho uma alegria imensa de dizer que coleciono personagens com grandes historias. Mas a minha vilã em Malhação Pro Dias Nascer Feliz, que também se chamava Bárbara, foi a que mais me desafiou, por ter sido o meu primeiro contato com a industria do audiovisual. Eu gravava em um ritmo muito intenso, todos os dias, cheguei a gravar 32 cenas em um único dia, então foi uma experiência muito transformadora tanto profissionalmente falando mas pessoalmente também. Malhação foi um divisor de águas na minha vida, foi o meu primeiro grande passo nesse universo das novelas, onde eu sigo ate hoje.
Sua personagem Nicole, em Verão 90, era uma VJ estilosa e envolvida com o universo da TV. Você trouxe algo da sua experiência pessoal para essa personagem?
Trouxe sim, muita coisa. Primeiro de tudo que eu cresci vendo os programas da MTV que tinham as VJ’s que apresentavam. Eu via todos eles, isso marcou muito a minha adolescência, eu adorava! Segundo que sempre tive muita vontade (e ainda tenho) de apresentar um programa, inclusive sou formada em Jornalismo. Na época em que eu gravava novelas na Globo, por várias vezes fui convidada pra apresentar quadros no Vídeo Show e eu adorava ser repórter deles por um dia. No final das contas, após tantos convites, eles me informaram que eu fui a atriz que mais apresentou quadros no Vídeo Show naquela época e me presentearam com uma matéria que eu pudesse escolher o tema que eu quisesse (escolhi uma ida à uma corrida de kart com a minha mãe kkk). Então quando surgiu o convite para fazer a Nicole em Verão 90 eu fiquei especialmente animada pois eu ia poder colocar em prática também esse meu lado de comunicadora e ainda assim reviver essa época nostálgica das VJ’s nos anos 90.
Você já gravou produções tanto no Brasil quanto em Portugal. Como foi a experiência de atuar fora do país e o que mais te marcou durante as gravações em terras portuguesas?
Levar o meu trabalho pra fora do meu país sempre foi um dos meus sonhos. Fui duas vezes para Portugal onde gravei duas séries, atualmente uma delas, que se chama Vizinhos Para Sempre, está disponível na Amazon Prime e na TVI (uma grande emissora de Portugal). O mais desafiador pra mim foi estar sozinha em um novo país, em uma nova cultura, longe de casa e com saudade da família e amigos. E por mais que tenha essa similaridade dos idiomas, eu tive que me adaptar à maneira deles em diversos aspectos, não só falando de trabalho mas culturalmente também. Foi uma grande experiencia, principalmente para a minha carreira e foi muito transformador também, no aspecto pessoal.
Em Gênesis e Reis, você viveu personagens bíblicas de grande impacto. Como é o seu processo de preparação para papéis históricos e com carga emocional tão intensa?
O processo de preparação para uma personagem é muito subjetivo. Falando especificamente das obras bíblicas e pelas minhas experiências, eu sempre estudei bastante sobre a época em que aquelas historias aconteciam. Eu procuro saber ao máximo sobre todas as circunstancias históricas que vão permear a vida da minha personagem. Essas obras se passam em tempos primórdios, onde tudo é diferente do que a gente está acostumado nos dias de hoje: a língua, a maneira de falar, postura corporal, a maneira de andar, as roupas, os costumes, as comidas, as relações, enfim, uma série de diferenças as quais eu preciso me apropriar e muito pra dar veracidade ao meu trabalho. É um trabalho minucioso que eu preciso estar atenta à todos esses cuidados para dar vida a essas personagens.
Você também tem se destacado no cinema, em filmes como Garotas e As Aventuras de Poliana. Como é a transição da televisão para o cinema em termos de atuação e ritmo de trabalho?
Cinema e TV tem tempos muito diferentes de se trabalhar. A TV tem um ritmo muito acelerado nas rotinas de gravação, quase que uma engrenagem industrial de cenas. Eu sou da seguinte opinião, quem é capaz de dar conta de um personagem grande em uma novela, é capaz de fazer qualquer coisa. O ritmo acelerado de gravação, juntamente com a extensa carga horária, o pouco tempo que se tem pra decorar as cenas e descansar, faz com que a novela seja quase uma prova de resistência. Enquanto que o cinema, pelas minhas experiencias, já se tem um tempo bem mais ameno comparado ao da novela. Consequentemente, você tem um tempo maior de qualidade no que se refere à composição do projeto. Você tem menos cenas em um intervalo maior de tempo de gravação. O que nos dá um privilegio na durante toda a condução daquele projeto. Fazendo uma analogia em termos de ritmo entre os dois, é como se o cinema fosse uma brisa e a novela um furacão.
Em De Volta à Bahia, você interpreta Maya, uma surfista protagonista. O que você teve que aprender ou transformar em si mesma para viver essa personagem?
Fazer a Maya , em De Volta à Bahia, foi um dos grandes desafios da minha carreira até hoje. O Juliano Laham, meu amigo, que também é ator e estava no projeto do longa, me ligou para fazer uma sondagem a respeito da minha disponibilidade para o filme. Eu estava em Portugal, terminando de fazer a minha série lá e voltando pro Brasil, e o filme começaria a rodar em em um pouco mais de um mês. Eu disse que eu estaria disponível para fazer o projeto e foi aí que ele me fez a seguinte pergunta : “Bárbara, você sabe surfar? Porque para esse filme, estamos buscando uma atriz que necessariamente saiba surfar, porque não teremos tempo ábil pra ela aprender o esporte pois vamos começar a rodar o filme muito em breve.” Eu na minha cara de pau, disse que sabia, porém isso não era verdade kkkk . Quem é ator vai me entender que não podemos nos dar ao privilegio de negar trabalho, nós vivemos em uma instabilidade em relação ao fluxo de projetos, então quando aparece uma oportunidade muito bacana, é arriscado negar, entende? E a partir desse momento começou a minha saga para virar surfista em tempo recorde. Eu tinha menos de 1 mês pra aprender a surfar e no final das contas eu consegui e me apaixonei pelo esporte a ponto de querer levar pra minha vida! Fui pra Bahia rodar o filme e deu tudo certo com as minhas cenas de surf. Hoje em dia eu sigo surfando e cada vez mais apaixonada por esse esporte.
Atualmente, você está no ar como a vilã Messalina em O Senhor e a Serva. O que o público pode esperar dessa nova personagem e qual é a sua expectativa com essa série?
A minha personagem foi inspirada na Imperatriz Messalina, uma mulher que foi um ícone de empoderamento e ousadia na história do império Romano. Sua trajetória marcante ecoa ate hoje. A Messalina, na série, é a vilã e vai entregar muito entretenimento pro publico de casa. Ela vai entregar paixão, ousadia e loucura. Uma receita certeira de caos que vai estremecer a historia da nossa serie. Eu to muito feliz e empolgada com a Messalina. Gosto de personagens que tem boas historias pra contar e isso ela tem de sobra.
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