CAPA ESPECIAL
Cinnara Leal
Foto: Sergio Baia - Beleza: Walter Lobato
Qual a sua origem?
Sou carioca, do Conjunto Habitacional IAPI, da Penha.
Em casa, entre amigos, quem é a Cinnara?
A mesma Cinnara, a que zela pelo bem estar das pessoas.
O que a moda significa para você?
A moda é uma aliada quando vc entende que o que vc usa é uma extensão da sua personalidade, da sua identidade e não do que está sendo imposto. Para mim, estar na moda é vc ser livre para ser vc, usando o que quiser.
Como tudo aconteceu?
Meu sonho de criança era ser bailarina. Quando tinha 5 anos, pedi para minha mãe para ser bailarina e ela me levou até a escola de dança do Teatro Municipal. Eu fiz o teste e ouvi que estava eliminada porque não tinha biótipo, e eu nem sabia o que era biotipo e nem queria saber, só queria ser o que o coração desejava. Cheguei a fazer três testes para o Balé do Faustão, mas nunca passei. Quando fui morar na Zona Sul do Rio de Janeiro, tive mais acesso e frequentei mais teatros, cinemas. Lembro que era tomada cada vez mais pelos filmes, peças que assistia e algumas como “A Máquina” e “Alice Através do Espelho” foram fundamentais para eu trancar a faculdade de Educação Física e fazer faculdade de Artes Dramáticas.
Geralmente, o público acha que a vida de artista é super glamourosa. Qual glamour você deixou entrar na sua rotina? E o que não é nada glamouroso na vida de artista?
A realidade é que não tem glamour nenhum (risos) e sim muito, mas muito trabalho como todos para sobreviver nesse país.
Você já passou por alguma situação desconfortável ou teve algum "tratamento diferente" por ser mulher?
Acho difícil alguma mulher não ter histórias que não nos valorizem e respeitem como tal! Em se tratando do nosso corpo então, até porque o corpo da mulher é sexualizado desde sempre. E o da mulher preta é hipersexualizado, objetivado. Quando adolescente, sofri abuso no ônibus. Sempre tive que usar blusas largas ou casacos amarrados na cintura para tapar a bunda para não receber olhares e frases indesejados
Houve algum momento em que pensou em desistir da sua carreira? Se sim, por quê?
Sim, várias vezes. Os motivos também são vários. Um deles, que nos persegue, é a falta de oportunidade e constância para os atores pretos.
O que você espera da sua vida nos próximos anos?
Viabilizar, tirar do papel os projetos que criei: três reality shows, uma peça que já está sendo produzida pelo Marco Antonio Griesi (da grande produtora Palco 7) e duas séries.
O que é fundamental na sua vida?
Minha família e minha profissão.
O que mais te dá medo?
Tenho medo de morrer.
E o que te irrita?
Falsidade e mentira.
Defina o seu:
Qualidade? Sou Verdadeira.
Defeito? Sou Intensa.
Sonho de consumo? Minha casa.
Nos diga uma frase ou pensamento que lhe define.
”Amar e mudar as coisas me interessam mais”, de Belchior