CAPA ESPECIAL
Lhays Macedo
Fotógrafo: Aloysio Araripe
Assessoria de imprensa: @viralnation @viralnationtalent
Qual a sua origem?
Eu nasci em Brasília, mais precisamente no Gama. É uma cidade satélite, com ares de interior. Hoje já tem de tudo um pouco por lá, mas quando eu era criança e morava lá, não tinha cinema, teatro, estúdio, nada disso. Ainda assim, minha mente sempre foi muito criativa e meus pais me incentivam muito a criar e a ser diferente.
Em casa, entre amigos, quem é a Lhays?
Quem me conhece de verdade sabe que sempre vou ter uma palavra ou um versículo para falar. Sabe aquela amiga que puxa uns ‘papos espirituais’ do nada? Eu mesma (rs)! Sou apaixonada por Jesus e Ele sempre é meu assunto favorito. Meus amigos também sempre sabem que podem pedir qualquer conselho para mim e que vou guardar sob 7 chaves.
O que a moda significa para você?
Já que falei dos meus papos espirituais, vou incluir a moda neles. O primeiro designer de moda foi Deus, sabiam disso? Sério! A Bíblia nos conta em Gênesis que Deus fez roupas para Adão e Eva como símbolo de uma aliança em que Ele se responsabilizava a reparar o que o casal havia perdido. A história é longa e profunda, mas o resumo que tiro disso é que a moda é muito mais do que roupas que escolhemos aleatoriamente. O que vestimos reverbera o que acreditamos e a forma como queremos atingir quem nos vê. Podemos construir ou quebrar alianças através dessas escolhas. A moda é um dos principais meios pelos quais a gente comunica nossa identidade, sem precisar usar palavras.
Como tudo aconteceu?
Na minha carreira profissional, tudo começou com um sonho. Eu gostava muito de inventar histórias e fazer arte. Comecei a fazer teatro aos 8 anos e me encantei. Tive um programa em uma TV local aos 12 anos, mas trabalhei, principalmente com teatro, durante muito tempo. Aos 16 anos, comecei a estudar todas as possibilidades da carreira de um ator, e a dublagem me pareceu algo encantador. Como o mercado de dublagem era no eixo RJ-SP, ainda aos 16 anos, meus pais me emanciparam e eu mudei para o Rio de Janeiro para explorar esse mercado. Estudei bastante e tive também a sorte de conhecer pessoas que acreditaram no meu talento e me ajudaram a começar a trabalhar na área. De lá para cá, já são mais de 15 anos dublando e muito mais de 10 mil personagens dublados.
Geralmente o público acha que a vida de artista é super glamourosa. Qual glamour você deixou entrar na sua rotina? E o que não é nada glamouroso na vida de artista?
Não é nada glamoroso passar quase o dia todo dentro de uma cabine acústica falando sozinha para um microfone. Aqui dentro, eu sorrio, grito, choro, peço socorro, faço contagem regressiva de ano novo, sou criança, mulher grávida, desenho animado e até papagaio. É uma loucura a vida de um dublador. Mas confesso que é um pouco glamuroso ligar a TV e sempre ter alguma produção passando com minha voz. Muitas vezes é minha voz e eu nem me lembro que trabalho foi aquele.
Yan Accioly
Você já passou por alguma situação desconfortável ou teve algum "tratamento diferente" por ser mulher?
Na dublagem, em geral, temos que lidar com números já impostos pelas produções. Existem muito mais personagens masculinos do que femininos no entretenimento. Percebo isso mudando e se equilibrando nos últimos tempos, mas, em um filme de guerra por exemplo, o elenco escalado é basicamente masculino, ou seja, os dubladores homens são mais requisitados e têm mais trabalho do que as dubladoras em muitos casos.
Houve algum momento que pensou em desistir da sua carreira? Se sim, porque?
No começo da profissão, foi muito difícil. Passei uns dois anos recebendo muitos “Nãos” e sendo esquecida por muitos estúdios. Eu não pensava em desistir totalmente, mas achava que seria muito difícil viver daquilo. E, de fato, foi. Durante todo esse tempo, procurei muitas opções de trabalho para conseguir patrocinar meu sonho. Trabalhei como animadora de festa infantil, comecei a fazer tradução profissional, trabalhei em uma empresa de marketing e também fui editora de vídeos. Sempre procurei abraçar todas as oportunidades que me eram dadas, mesmo que não fossem na dublagem, e acredito que isso me fez crescer muito profissionalmente e ter mais ousadia para continuar persistindo.
O que você espera da sua vida nos próximos anos?
Eu espero continuar usando minha voz não só para reproduzir falas já escritas nos roteiros que eu dublo. Espero sempre comunicar o que acredito com amor e humildade, e alcançar pessoas que possam estar desanimadas e sem esperança do ‘outro lado da tela’. Espero seguir focando não só nos meus próprios interesses, mas manter um olhar atento para quem está ao meu lado. Espero que a minha forma de viver fale muito mais do que as minhas palavras. Sei que são objetivos um pouco abstratos, mas tento manter meu coração alinhado com essas verdades enquanto trabalho e faço minhas escolhas.
O que é fundamental na sua vida?
Acredito muito em um conceito que meu pai sempre repetia: o triângulo dos nossos relacionamentos. Nós somos seres relacionais e existe uma trinca de relações fundamentais na nossa vida. As três pontas desse triângulo são: Deus, eu mesmo e meu próximo. A forma como me relaciono com Deus e O vejo, a forma como me vejo e me cuido, e a forma como me relaciono em amor com os outros são fatores fundamentais para uma vida que vale a pena ser vivida.
O que mais te dá medo?
Sei que muitas pessoas tem medo da morte e medo de perder também a quem amam. Respeito muito isso. Mas, recentemente, enfrentei esses medos bem de perto, perdi 4 bebês e também meu pai. Depois de longas fases respeitando meu luto, entendi que uma vida egoísta e sem sentido é muito mais aterrorizante do que a morte. Então, tenho medo de viver para mim mesma, olhando só para minha vontade, minhas prioridades e minha vidinha. Quero valorizar a vida como uma dádiva, amar a Deus e as pessoas de verdade, compartilhar meu tempo, meus talentos e todos os meus tesouros.
E o que te irrita?
Arrogância é uma coisa que me irrita muito.
Defina o seu:
Qualidade?
Me considero uma pessoa super determinada.
Defeito?Preguiça. Às vezes, a senhora de 80 anos que habita em mim só quer uma caminha, silêncio e um livro.
Sonho de consumo?Morar numa fazenda com meu marido e 4 filhos (ou mais), vivendo de renda e comendo da minha própria hortinha. Sonho talvez impossível porque meu marido não curte muito essa vibe ‘rei do gado’.
Nos diga uma frase ou pensamento que lhe define.
“Jesus disse: ‘Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração, e encontrarão descanso para suas almas’. “ Mateus 11:29