MINDFULNESS, EMOÇÃO E PROPÓSITO: A HISTÓRIA DE VIRGÍNIA NOWICKI

Atriz, apresentadora e especialista em gestão emocional, Virgínia Nowicki construiu uma trajetória única, conectando arte, ciência e propósito. Conhecida por seu carisma na televisão e pela profundidade de suas palestras, ela transformou anos de vivência nos bastidores — um ambiente intenso e repleto de pressões — em um laboratório vivo de autoconhecimento. Hoje, é referência quando o assunto é mindfulness, inteligência emocional e saúde mental no trabalho.

Nesta entrevista exclusiva, Virgínia revela como “digerir as emoções” pode mudar vidas, derruba mitos sobre atenção plena e mostra que cuidar da mente é tão essencial quanto cuidar do corpo.

Sua carreira começou na televisão e hoje você é uma referência em gestão das emoções. Como essa transição da arte para a ciência do bem-estar aconteceu na sua trajetória?

Foi de forma muito natural. Desde os 14 anos vivo a correria dos bastidores de TV. Amo toda essa energia, porém é um ambiente que gera bastante ansiedade e estresse. Fui buscar formas de equilibrar corpo e mente com yoga e meditação, e descobri um caminho lindo de autoconhecimento. Eu não chamo de transição de carreira porque ainda atuo como atriz pontualmente. Não abandonei minha primeira paixão e formação. Me capacitei, aprimorei meus conhecimentos e, além de atriz e comunicadora, ministro cursos e palestras. Tenho muitos interesses, pois me aprofundar em outros temas me enriquece e fortalece.

Você é pós-graduada em Gestão Emocional nas Organizações e especialista em Mindfulness. Como essas ferramentas podem transformar o ambiente de trabalho?

Podem transformar radicalmente! Trazer mais presença nas relações e mais foco no trabalho, por si só, já é um ganho tremendo. Saber lidar com as emoções é um aprendizado fundamental, tanto no ambiente profissional quanto nas relações em geral. Entender que você tem escolha em como reagir a todo momento é libertador. Não podemos controlar o que nos acontece, mas podemos escolher como agir a cada instante. A educação socioemocional é uma habilidade que podemos aprender e aprimorar.Os principais ganhos são:

• Menos reatividade

• Mais empatia

• Menos ansiedade

• Mais colaboração e menos competiçãoConsciência de que somos protagonistas de nossas vidas e não vítimas.

Em suas palestras, você fala sobre “digerir as emoções”. Pode explicar esse conceito e por que ele é tão importante nos dias de hoje?

Digerir as emoções é não reagir no piloto automático. É ganhar aqueles preciosos segundos de consciência antes de agir. Escolher responder de modo construtivo — o que evita episódios de arrependimento futuro. Na verdade, deveríamos ter aprendido a lidar com as emoções desde a pré-escola. Imagine você se observar e entender o que te gatilha? Compreender que você não é suas emoções, que elas são estados transitórios e que trazem informações importantes. Toda emoção tem uma função. Isso promove consciência e autoconhecimento.

O que você diria para alguém que está começando a buscar autoconhecimento, mas sente dificuldade em lidar com emoções mais intensas, como raiva ou tristeza?

Começo uma nova turma agora, em setembro, do curso “Como lidar com as emoções”, ao vivo e on-line, comigo. É bem transformador! Baseado em psicologia, neurociência e mindfulness. É como aprender a tocar piano... você não sai tocando do dia para a noite, certo? Existe um método: você vai conhecendo cada nota, e é a mesma coisa com as emoções. O protocolo que ensino foi desenvolvido pelo psicólogo Paul Ekman, roteirista do filme Divertida Mente. De forma lúdica, está tudo ali. E, se quiser aprender com um protocolo eficiente, estou à disposição. É fácil me achar no Instagram (aqui). Me mande um direct e enviaremos as informações.

A prática do mindfulness ganhou bastante destaque nos últimos anos. Na sua visão, qual é o maior mito sobre atenção plena — e o que as pessoas realmente precisam entender sobre essa prática?

Não é uma pílula mágica que vai te trazer mais foco e produtividade! Isso seria reduzir um aprendizado profundo. É um caminho a ser percorrido, um despertar. Foi uma descoberta maravilhosa entender o que é, de fato, viver no presente. Na minha formação, participei de vários retiros e percebi como nossa mente está sempre no futuro, se preocupando e inventando histórias, ou no passado, se angustiando com o que já passou. Só no presente está a tranquilidade e a possibilidade de saborear a vida em sua inteireza. Cuidar da mente é tão fundamental para o bem viver! Se sua mente está menos agitada e aflita, seu estado interno também estará mais tranquilo. Por isso, meditar é parte de manter o equilíbrio emocional. Estado mental é igual a estado emocional. Podemos aprender a cultivar um estado mental com mais leveza e clareza, o que colabora diretamente com nosso estado emocional. Ensino esse passo a passo no curso.

Ansiedade e estresse são considerados males do século. Como a inteligência emocional pode ajudar a reduzir esses impactos na vida cotidiana?

Aprender a trazer a mente para o momento presente — a ansiedade é a nossa mente no futuro, se preocupando com o que muitas vezes nem vai acontecer. É uma investigação em primeira pessoa. Posso dar mil exemplos aqui, mas não adiantaria muito: a experiência direta é o que transforma. Quanto ao estresse, precisamos rever nossos hábitos e cultivar um estilo de vida que coloque nossa saúde como prioridade. Se perdermos a saúde, perdemos tudo!

Como atriz, apresentadora e agora palestrante, sua trajetória une comunicação e emoção. Que papel você acredita que a arte tem no processo de cura emocional?

Nossa, que pergunta linda e profunda! A arte é um portal para nossa essência, nosso mundo interno. Ela nos sensibiliza, provoca e transforma. Arte nos nutre... é a possibilidade de autodescoberta, de trazer todos os sentidos para o aqui e o agora. Afinal, o que seria do mundo sem arte?