CAPA ESPECIAL
Tuka
Créditos: Divulgação
Você mencionou que o rádio se tornou uma plataforma de engajamento e ativação. Como essa transformação impacta o modelo de negócios das emissoras?
O rádio deixou de ser apenas um veículo de transmissão para se tornar um ecossistema de relacionamento. Isso significa que o modelo de negócios hoje não está restrito à venda de mídia tradicional. As emissoras passaram a gerar valor com ativações, eventos, campanhas digitais e até colaborações com marcas que querem engajamento real com a comunidade. Essa transformação trouxe uma diversificação de receitas e consolidou o rádio como um elo estratégico entre público e mercado.
A digitalização trouxe o rádio para o streaming e as redes sociais. Quais foram os maiores desafios e oportunidades nesse processo de adaptação?
O principal desafio foi compreender que o comportamento do ouvinte mudou. Hoje, ele não consome apenas pelo dial, mas também pelo celular, pelo computador e até por caixa de som inteligente. Isso exigiu investimento em tecnologia e, principalmente, em linguagem digital, com conteúdo pensado para diferentes plataformas. A oportunidade, por outro lado, foi enorme: o rádio ganhou alcance global, ampliou a interatividade com os ouvintes e conquistou novos públicos que talvez não tivessem contato com a FM no modelo tradicional. Encontramos no digital um aliado e não um concorrente.
A FM O Dia é conhecida por grandes eventos, como a Maratona da Alegria. De que forma iniciativas como essa fortalecem o vínculo entre o rádio, a comunidade e o mercado de trabalho?
Eventos como a Maratona da Alegria transformam a audiência em experiência. Eles reforçam o papel do rádio como agregador social e cultural, aproximando artistas, ouvintes e marcas em um mesmo espaço. Além disso, movimentam a economia criativa, gerando empregos diretos e indiretos, desde técnicos e produtores até ambulantes e fornecedores locais. Esse tipo de iniciativa amplia o impacto do rádio para além do entretenimento, tornando-o também um agente de desenvolvimento econômico e social e Cultural.
Na sua visão, o rádio popular tem papel diferenciado na economia criativa do país? O que o torna tão resiliente diante de outras mídias?
Sem dúvida. O rádio popular tem a capacidade de dialogar diretamente com a realidade das pessoas, traduzindo seus valores, suas linguagens e suas referências culturais. Ele é resiliente porque é próximo, acessível e confiável. Enquanto outras mídias exigem internet de alta velocidade ou assinatura, o rádio continua sendo democrático. Além disso, sua integração com eventos, redes sociais e streaming fez com que ele se reinventasse sem perder a essência, garantindo relevância na economia criativa.
Como a multiplataforma — do dial às redes sociais — mudou a relação do público com o rádio?
Antes, o público era essencialmente ouvinte. Hoje, ele é também produtor de conteúdo, interage em tempo real, participa de enquetes, comenta e até ajuda a pautar a programação. O rádio deixou de ser uma via de mão única e passou a ser um espaço de diálogo constante. Essa proximidade gera engajamento e fidelidade, fortalecendo ainda mais a marca das emissoras.
Quais são os próximos passos e inovações que podemos esperar do setor para manter essa vitalidade nos próximos anos?
O rádio deve seguir investindo em tecnologia e conteúdo sob medida para diferentes plataformas. Vamos ver mais podcasts produzidos por emissoras, transmissões híbridas que unem áudio e vídeo e o fortalecimento do rádio. Outra tendência é a personalização da experiência do ouvinte, com base em dados e inteligência artificial. O futuro do rádio está em continuar sendo multiplataforma, mas sem perder o que o torna único: a conexão humana, espontânea e ao vivo.
