
CAPA ESPECIAL
Arte, Propósito e Consciência em tudo que faz

Anajú
Dorigon
Foto: Gutyerrez Erdmann
Você foi premiada como Melhor Atriz Jovem Brasileira dois anos consecutivos — como esse reconhecimento impactou sua carreira artística?
Acredito que a jornada artística engloba diversos fatores e o reconhecimento, para mim, é um sinal de que o trabalho que fizemos, a história que contamos, atravessou e tocou a vida de quem nos assistiu. No final das contas é este o intuito do que fazemos: junto com o telespectador, levantarmos questionamentos, evocarmos reflexões e sentimentos. O audiovisual não se faz sozinho e recebermos prestígio é sinal da excelente contribuição de todos.
Como sua formação na New York Film Academy contribuiu para seu desenvolvimento como atriz e empreendedora?
Sem dúvidas foi uma experiência que me moldou como profissional. Estar em uma das principais universidades do mundo aprendendo com mestres incríveis da indústria e podendo explorar diferentes métodos foi uma super imersão e um processo extremamente enriquecedor. O fato da universidade receber também diferentes alunos de diferentes backgrounds foi uma super contribuição para a nossa formação como ator: aprender e explorar diferentes perspectivas e compreender a coerência e validade de todas elas. Um dos aspectos mais preciosos do ofício do ator é que todas as experiências de vida são, também, exercícios! - Um grande colega meu diz que todo artista é empreendedor: está em nossas mãos a elaboração da direção e dos elementos que queremos em nossa carreira/empresa. Sinto que conforme fui amadurecendo como atriz, fui compreendendo melhor quais eram os outros sonhos que eu também desejava realizar! E desta forma, me senti pronta para começar a entrar no mundo do empreendedorismo e começar a aprender através dele.

Sua marca de roupas é reconhecida pela Forbes Brasil e possui uma proposta non seasonal e carbono neutro. De onde veio a inspiração para esse conceito?
Desde quando comecei a pensar de forma mais concreta na 368, eu sabia que queria que ela nascesse verde e desejava também que ela fosse quase um hub criativo, aonde eu pudesse experimentar criações em diferentes formas - não desejava que fosse uma estrutura de empresa fast fashion por exemplo. Por isso, compreendi que o non seasonal se encaixaria perfeitamente neste modelo! Todo o nosso processo de produção, desde a idealização das peças até que ela chegue em sua gift bag na casa das clientes é pensado e executado de forma sustentável. E quando falamos dos gastos e emissões da empresa, nós temos orgulho em dizer que somos carbono neutro! Em parceria com a startup ECOOAR, possuímos uma área verde , o bosque da 368, aonde realizamos o plantio de árvores para a compensação de carbono, a preservação da nascente que água mais de 100 cidades e todo este processo pode ser acompanhado e verificado através do nosso QR Code. O nosso objetivo se tratando de conscientização ambiental é também descomplicar o assunto e, através da tecnologia, mostrarmos a praticidade e a tangibilidade de um futuro verde.
Como você enxerga a interseção entre moda, sustentabilidade e responsabilidade social?
Acredito que o primeiro ponto é compreendermos que sustentabilidade vai além de falarmos apenas de árvores (risos). É a estrutura de produção, são as condições de trabalho disponíveis para seus colaboradores, o incentivo ao aprimoramento de soft e hard skills, o 360 de toda a cadeia de produção e coleta, entre os diversos elementos que compõem a estrutura de uma empresa. Hoje ultrapassamos o overlapping destes 3 setores. Não existe mais espaço para marcas cujo único e exclusivo objetivo é o incentivo ao consumo. Os consumidores compreenderam que faz parte do principio básico de toda empresa, considerar as consequências de suas escolhas e que faz parte, também, da responsabilidade de toda empresa, mitigar seus potenciais danos e otimizar a construção de um futuro longevo.

Você também atua como porta-voz da saúde mental e do acesso cultural. O que motivou esse engajamento?
Eu lidei com depressão desde muito nova, em um período no qual pouco se encontrava sobre o tema. E conforme o tempo foi passando, eu fui me recuperando e a minha profissão foi me entregando um determinado espaço no qual minha voz poderia ser ouvida. Foi quando eu senti que era meu dever contar um pouco da minha experiência com a saúde mental. Para mim, se eu conseguisse fazer com que ao menos uma pessoa não se sentisse mais tão sozinha, eu havia cumprido a missão. E, aos poucos, através de muito estudo e de muitos parceiros nesta jornada, fui optando por trazer essa temática em entrevistas, nas minhas redes, com o objetivo de disseminar informação de forma descomplicada e coesa - desmistificar e crescermos juntos.
Acredito que quando a sua voz possui um espaço, é absolutamente necessário que façamos uso da responsabilidade social que existe nisso. E por conta disso nasceu também o projeto de literatura que tenho nas redes sociais, no qual realizo a leitura de trechos de livros, roteiros e poemas seguidos. Alí, abrimos um espaço de troca: como cada trecho ressoa para quem os lê, os diferentes pontos de vista, trocas de indicações - tornando-se assim um ambiente com "pílulas" de conteúdo um pouquinho mais profundos, para respirarmos em meio à velocidade e intensidade dos nossos dias. Tem sido muito especial!
