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CAPA ESPECIAL

Juliana Didone & 
Guilherme Berenguer

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Fotos: Divulgação

Juliana e Guilherme, como foi reviver a parceria em cena depois de 20 anos desde “Malhação”? Houve uma sensação de déjà-vu ou tudo parecia completamente novo?

 

Juliana Didone: Foi uma mistura linda de memórias e novidade. Tem aquele carinho guardado da juventude, claro, mas também um olhar novo sobre o outro, como artistas e seres humanos que evoluíram. A vida passou, a gente viveu muita coisa, e reencontrar o Gui nesse contexto, com esse texto tão potente, foi como reabrir um livro querido com páginas novas pra escrever.

Guilherme Berenguer: Encontrar a Ju foi maravilhoso. Uma parceria que deu tão certo no passado, o reencontro acontece num terreno já fértil — uma conexão que ainda existe. Mas não ficamos numa zona de conforto; pelo contrário, buscamos novos caminhos nessa nova etapa, respeitando o que já vivemos e nos abrindo para o novo.

“A Vida de Jó” é uma produção de grande densidade emocional. Como vocês se prepararam para interpretar personagens que enfrentam perdas tão profundas e dilemas existenciais?

 

Juliana Didone: Eu preciso respirar fundo várias vezes. A Raquel é uma mulher dilacerada pela dor, mas que ainda assim não abandona o amor e a fé. Me conecto com experiências pessoais de superação e também com histórias que ouvi de outras mulheres. A gente tem a condução atenta e generosa da nossa preparadora Andrea Avancini.

 

Guilherme Berenguer: São muitas camadas emocionais. A preparação exige entrega total. A Andreia Avancini, nossa preparadora, tem sido essencial nesse processo. Tem sido uma jornada de aprendizado e empatia. As dores que Jó enfrenta são da alma — não físicas — e isso exige de nós um exercício constante de fé, esperança e sensibilidade. Eu, pessoalmente, tenho aprendido muito com esse personagem. É preciso humildade para receber o que ele pede da gente.

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Vocês já tinham experiência em produções bíblicas anteriormente. Em que essa nova série se diferencia das anteriores que vocês participaram?

 

Juliana Didone: Acho que essa série tem uma proposta mais intimista, mais humana. Apesar de ser baseada numa narrativa sagrada, ela conversa diretamente com as emoções mais profundas de qualquer pessoa — a dor da perda, o teste da fé, o amor como alicerce. Tudo isso é contado com muito cuidado artístico, com direção e fotografia que nos colocam dentro do universo emocional dos personagens.

 

Guilherme Berenguer: Participei de Milagres de Jesus, no passado. As minisséries bíblicas vêm se aperfeiçoando muito nos últimos anos. Hoje, mesmo sendo uma produção para a televisão, A Vida de Jó tem um sabor cinematográfico. A qualidade da direção, da produção e do elenco eleva tudo a outro nível.

Guilherme, após tantos anos nos Estados Unidos, o que te motivou a retornar à dramaturgia brasileira? E como foi reencontrar o set no Brasil?

O que me motivou foi o personagem, a história e o desafio artístico. E, claro, a saudade do meu universo, do nosso público brasileiro. Voltar ao set aqui no Brasil foi emocionante. Foi como retornar a um lugar de origem, com o coração cheio.

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Juliana, além da série, você vem de um ano com projetos intensos no teatro, cinema e TV. Como equilibra personagens tão distintos como a Raquel de Jó e as figuras que você viveu em “60 Dias de Neblina” ou “Os Permitidos”?

Juliana Didone: Cada personagem me atravessa de um jeito. A chave está em me permitir ser atravessada. A Raquel, por exemplo, chegou num momento em que eu já vinha refletindo sobre fé, maternidade e dor — temas que também estavam presentes em 60 Dias de Neblina, mas sob outra ótica. Tento sempre respeitar o tempo de cada uma dentro de mim. Às vezes elas até conversam entre si, mesmo sendo tão diferentes.

Como foi contracenar novamente após tantos anos? A química entre vocês veio naturalmente ou houve algum estranhamento no início?

 

Juliana Didone: Foi natural, mas diferente. A gente tem a lembrança da química de 20 anos atrás, que era juvenil, espontânea. Agora ela veio com mais escuta, mais profundidade. É como se tivéssemos amadurecido juntos em silêncio, e a cena fosse o reencontro desse silêncio com a palavra.

 

Guilherme Berenguer: Nenhum estranhamento. Pelo contrário, a conexão continua lá. Mas fizemos questão de trazer novas texturas e profundidade, porque os personagens exigem isso. Não queremos cair na repetição, então exercitamos essa maturidade artística juntos, com atenção aos detalhes e à jornada emocional dos personagens.

A série será exibida primeiro em streaming e depois na TV aberta. Como vocês veem essa mudança no modelo de exibição e consumo das novelas atualmente?

Juliana Didone: Eu acho ótimo que as narrativas estejam ganhando novos caminhos e janelas. O streaming permite que o público assista no seu tempo, se envolva com a história com mais liberdade. E a TV aberta ainda tem aquele calor de chegar em tantas casas ao mesmo tempo. Uma complementa a outra, e isso só fortalece o alcance da arte.

 

Guilherme Berenguer: Até onde sei, a série será exibida tanto na TV aberta quanto na plataforma da Univer. Essas mudanças acompanham o movimento da sociedade. É um novo tempo de consumo, e precisamos estar atentos, ocupando esse espaço com excelência. Eu vejo com bons olhos — é mais uma forma de alcançar o público.

 

Guilherme, sua trajetória envolve cinema, televisão, vida fora do país e até empreendedorismo. Como essa vivência interfere na sua atuação hoje?

O empreendedorismo sempre esteve presente na minha vida. Desde pequeno, como arrimo de família, precisei desenvolver essa mentalidade. Acho que o ator e o empreendedor têm muito em comum: iniciativa, ação e criatividade. Para mim, essas duas áreas se complementam. Admiro artistas que também são empreendedores — acredito que arte e empreendedorismo devem andar de mãos dadas.

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Juliana, você tem usado suas redes sociais para falar de temas sensíveis como o parto e a violência obstétrica. Como essa vivência impacta sua atuação e a escolha dos papéis?

 

Juliana Didone: Impacta totalmente. Quando você vive algo tão transformador — e doloroso — como um parto violento, passa a olhar para todas as narrativas com mais senso de urgência e verdade. Eu escolho projetos que me atravessam, que dizem algo que eu gostaria que minha filha soubesse no futuro. A Raquel é uma dessas mulheres: forte, resiliente, humana até o limite.

Por fim, para ambos: o que o público pode esperar de “A Vida de Jó” e o que essa série representa para vocês pessoalmente e profissionalmente?

 

Juliana Didone: O público pode esperar emoção genuína, um roteiro inteligente e sensível. Pra mim, é um divisor de águas. Foi um presente como atriz, como mulher e como alguém que acredita na potência das histórias para transformar quem as assiste — e quem as vive.

 

Guilherme Berenguer: O público pode esperar uma história profunda, com muitos desafios e tragédias que tocam a alma humana — mas também com muita fé, esperança, romance e momentos de felicidade. É uma jornada intensa, que mostra como é possível continuar mesmo quando não se entende os porquês da vida. Para nós, essa série representa uma entrega pessoal e artística muito especial. Tenho certeza de que vai tocar muita gente.

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