
CAPA ESPECIAL
Taís Eckmann

Foto: @ygormarques
Você vive há 10 anos em Miami. Como essa experiência internacional influenciou sua visão sobre maternidade, carreira e identidade feminina?
Viver fora do Brasil me trouxe uma perspectiva ampla sobre liberdade — especialmente a liberdade de ser quem eu sou, fora das expectativas alheias. A maternidade se tornou ainda mais consciente: aprendi a tomar decisões com base em valores, não em tradições. Na carreira, isso despertou uma visão mais estratégica e criativa. E, como mulher, percebi que identidade é construção constante — não é algo que nos dão, é algo que a gente escolhe sustentar todos os dias.
Você fala muito sobre equilíbrio — entre o instinto e a razão, o feminino e o racional. Como você cultiva esse equilíbrio na sua rotina diária?
Eu respeito meus ciclos. Tenho dias em que escuto o silêncio e outros em que sigo a lógica. Cultivo equilíbrio com pequenas práticas: meditação, escrita intuitiva, escalda-pés, oráculos e momentos de introspecção. Mas também sou disciplinada, organizada e prática. Para mim, ser equilibrada não é ser neutra — é saber quando agir com o coração e quando agir com foco.

Seu conteúdo inspira muitas mulheres a se reconectarem com a própria essência. Quais foram os principais desafios e descobertas no seu próprio processo de autoconhecimento?
O maior desafio foi romper com expectativas externas: ser perfeita, agradar, não desagradar. Descobrir minha própria voz significou, muitas vezes, abrir mão de ambientes, pessoas e ideias que não me representavam mais. Mas a grande descoberta é que, quanto mais eu me alinho com a minha verdade, mais impacto real tenho no mundo. A dor do autoconhecimento é passageira, mas o poder que ele devolve é permanente.
Moda, beleza natural, espiritualidade e comportamento feminino são temas centrais no seu trabalho. Como você entrelaça esses universos de forma autêntica e transformadora?
Acredito que esses mundos não se excluem — eles se complementam. A beleza que expresso no meu estilo é a tradução do que eu sinto por dentro. A espiritualidade me ancora, a moda me comunica, e o comportamento é o resultado daquilo que eu escolho como verdade. Quando a mulher se entende por inteiro, tudo nela vira expressão: o look, o silêncio, o gesto — e até o post nas redes sociais.

Como mãe de três meninas, de que forma você busca transmitir valores como liberdade, autoestima e força emocional para elas?
Com presença, exemplo e escuta. Quero que minhas filhas saibam que podem ser o que quiserem, desde que sejam fiéis a si mesmas. Ensino que vulnerabilidade não é fraqueza — é coragem. Mostro, com atitudes, que a beleza está no sentir, não só no espelho. E, acima de tudo, quero que elas aprendam que amor-próprio é uma escolha — e que nenhuma outra forma de amor deve custar a si mesma.
Você se define como sensível e firme, estratégica e intuitiva. Em quais momentos essas qualidades mais te ajudaram a recomeçar?
Em cada fim que parecia definitivo. Já precisei recomeçar depois de relações intensas, decisões difíceis e perdas internas. Minha sensibilidade me permite sentir tudo com profundidade — e minha firmeza me impede de ficar no lugar errado. Ser estratégica me ajuda a não agir por impulso. E ser intuitiva me mostra que, mesmo sem ter todas as respostas, o caminho sempre se revela para quem não se abandona.

Para você, ser mulher é um ato de coragem. Que mensagem deixaria para outras mulheres que estão em busca da própria voz e verdade?
Seja fiel a si mesma, mesmo que isso custe aceitação. A mulher que você é não precisa ser compreendida por todos — precisa ser respeitada por você. Não existe fórmula pronta: existe escuta, coragem e reconstrução. Se o mundo tentou te calar, talvez seja porque sua voz é exatamente o que ele precisa ouvir. Seja o tipo de mulher que não precisa gritar para ser sentida, mas que, quando fala, o mundo inteiro silencia.
Nós somos poderosas.
